quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Para ti

Que tantas vezes me falaste nos dias que já gastaste, com mais nostalgia no olhar que nas palavras.
Que tantas vezes me avisaste que a alegria de viver a tinhas perdido nos passos de um norte que não foi teu.
Que chamaste o castigo por não teres nas mãos juventude para oferecer, porque o cedo chegara já passava da hora.
Muitos são os que não sabem a cumplicidade de um silêncio partilhado, e, para isso não me faz falta fazer contas.Se as houvesse de fazer: de sumir banalidades, como a idade, de somar; afectos, de multiplicar, risos e segredos. Perdoa, mas as de dividir e subtrair, não as aprendi ainda.
Só quem tantas vezes olhou o ocaso consegue ver o poente...

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Viagem forçada

Hoje, enquanto lia um texto escrito por um amigo, dei-me conta ( como de outras vezes) de como uma flor sabe tão bem estar "quieta". E nós ? O que foi feito da nossa habilidade de permanecer " quietos " ?! Para onde foi a faculdade de nos entregarmos a nada?!

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Quem a escreveu ... conhece-me!

Soy de aquellos que sueñan con la libertad
capitán de un velero que no tiene mar
soy de aquellos que viven buscando un lugar
soy Quijote de un tiempo que no tiene edad.

Y me gustan las gentes que son de verdad
ser bohemio, poeta e ser golfo me va
soy cantor de silencios que no vive en paz
que presume de ser español, donde va.

Y mi Dulcinea, dónde estarás?
que tu amor no es fácil de encontrar.
Quise ver tu cara en cada mujer
tantas veces yo soñé que soñaba tu querer.

Soy feliz con un vino e un trozo de pan
y también como no con caviar e champán!
soy aquel vagabundo que no vive en paz
me conformo con todo, con nada, y con más.

Tengo miedo del tiempo que fácil se vá
de las gentes que hablan, que opinan demás,
y és que vengo de un mundo que está más allá
soy Quijote de un tiempo que no tiene edad.


Manuel de la Calva-Ramón Arcusa-G.Belfiore

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

...

O sol tinha acordado antes dos olhos vazios do professor. Poder-se-ía dizer que o dia ía aí pelas sete horas. A posição dos raios denunciava a ordem certa dos ponteiros nos relógios que viviam espalhados pela casa, alheios às urgências de não ser hora certa, quer os acontecimentos houvessem de ser de alegria ou de uma qualquer outra cor.
A certeza de que o dia ainda estava jovem chegou-lhe com as pancadas leves na porta que o privava da distância imposta aos outros.Três, uma pausa, mais uma e finalmente outras três.O código funcionava mais uma vez.A criada da casa tinha um fascínio especial pelos números um e três.Dizia que o primeiro era a representação da unidade, por isso, acreditava que a unidade era Deus simbolizado; o outro, a representação do Espírito Santo. Havia quem jurasse que em algum tempo tinha ouvido as pancadas de Moliére e que de alguma forma as tentava imitar.
-Entra- disse com voz de quem não quer dizer coisa alguma.

domingo, fevereiro 05, 2006

VAZIOS

Dizem que o Amor veste vazios,
vazios inteiros-uma história,
e a vida ri-se em prantos risos
dos soluços , barcos desses rios
gastos pelas ondas da memória.